sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Montanha Louca: Primeiro Tempo: A Chegada de um Grupo.

Gostaria de apresentar estes distinguidos passageiros, digo, habitantes da Montanha Louca, comme il faut, como se merecessem, em todo seu esplendor, dando detalhes íntimos de suas grandiosas existências, porém não creio que isso será possível mais, pois a minha memória parece hoje ter vontade própria, ou não tê-la segundo lhe convém. Então me permitirei trocar um nome por outro, confundir datas números, citar fora do contexto, mudar de lado, partido, sexo e religião, não tenho o menor compromisso com a verdade, e tem mais, para mim, a verdade não representa mais do que mais uma facção; vou me permitir todas as transgressões até que não sobre um átomo que não tenha sido corrompido por mi mesma, assim quem sabe no fim... me conquistarei. Meu objetivo único máximo e derradeiro.
Sou uma mulher como outra qualquer,  eu transpiro, eu tusso, sou baixinha, meio atarracada, arredondada e toda coberta de pelos dourados. Sou Flavia, uma das flávias do começo, órfã da Vida, morta para o Amor e rejeitada pelo Mundo: A Cobaia perfeita <3 Uma das não-merecedoras da tamanho privilégio. Estou no paraíso sem ter feito nada para isso! Esta é sem dúvidas uma situação bastante perigosa, você se sente uma rainha mas não passa de um experimento. E neste reencarnação como cobaia recebi muitas mais bendiciones do que tinha recebido como humana, assim entre mortos e feridos, saí ferida mortalmente. com um poderoso Violeta conseguia levar rapidamente os programas ao seu apogeu e assim promover uma certa agilidade no trânsito transmigratório das almas, coisa meio complexa, tanto que enrolei até hoje para tentar expressar com claridade, de modo inteligível, para finalmente me arriscar à expor alguns ensinamentos, documentos, um pequeno conto escrito por Juan ( El día que Marta López se sentó en el medio de la Plaza) que deu origem à novela A Iluminada, que repasso aqui na tradução da querida Zelinda Orlandi Hypólito que me traduziu em São Paulo lá nos anos noventa quando tudo era novidade, e as estrelas, um irreversível mistério. Nesta época eramos do grupo semeador, e semeávamos para entender, decodificar.
Descendo pelo muro de pedras que os antigos tinham legado a estes atuais, havia uma fratura e uma pequena passagem até uma nascente, dali colhiam a água que utilizavam para todas suas necessidades cotidianas, excluídos os banhos, atividade que praticavam um pouco mais para baixo, onde a água tinha uma queda, um chuveiro natural. Foi naquela entrada mesmo que começou o arrasta-pedras novamente, só que desta vez as pedras vinham da Cidade de São Thomé das Letras, em caminhões e cortadas em quadrados rosas e brancos. que enfileiraram de maneira circular como abraçando uma das minhas saliências, parecia como uma representação minha, uma máscara! Ficou bonita e muito engraçada, depois descobri que ali se cozinhavam sopas pães e sonhos. E a hora de contar o sonho era logo pela manhã, surgiam todos aqueles relatos que só faziam sentido no mundo onírico, e quem entrasse ali nesse momento iria ficar confuso com as letras dos sonhos.
- quanto tempo faz que você chegou?
Se ouvia esta pergunta com frequência, eles se faziam uns aos outros sem cessar,
-você veio de onde?
Esta era outra campeã!! Eles eram divertidos e eu não via mau algum nisso, quero dizer, não representavam uma ameaça para mim. Tampouco imaginava que eles eram da raça em extinção, sempre tinha ouvido falar de baleias golfinhos e animais fantásticos e seres fabulosos que eu nunca vi. Nunca vi o mar.

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